sábado, 12 de abril de 2025

Com todo o direito - A arte de seres tu

O valor, a importância, das coisas, a satisfação de chegares ali, que não foi igualada pela chegada a outros lugares e a outros tempos, como diria de muitas outras experiências...
Mas o desafio de seres quem és, de memória do que foste e que conjecturaste ou sonhaste ser, mais poderosa do que os meros factos, do que o acontecer, um pensador, um escritor que verbaliza e comunica, um autor, que é inigualável, uma voz, um poeta.
Nada, nem ninguém, te deve impedir de usar da palavra, de questionar ou de dizer diferente, de fazer desenhos, de compor músicas, de dançar, de correr, de jogar a bola, de assobiar, de fazer qualquer coisa que seja um espetáculo, ou uma mensagem, ou uma expressão, com a tua marca, em nome próprio, a arte de seres tu, com todo o direito.
Descobrires que tens essa força e que podes usá-la, até para além do que é suposto, do que nunca foi feito, pode ter sido o primeiro passo para a tua autodeterminação, um estádio de desenvolvimento pessoal e mental numa relação de maior liberdade e de visão construtiva do mundo.
Há chegadas que ficam.
Não porque o lugar fosse extraordinário, nem porque o tempo tivesse qualquer brilho especial, mas porque, naquele instante, algo em ti se alinhou com uma verdade que não sabias que procuravas.
O valor dessas chegadas não se mede pelo GPS, nem pelo calendário, mas pela vibração íntima que deixaram, uma vibração que não foi igualada por outras viagens, por outros dias, por outras conquistas. Assim acontece com tudo o que importa: não é o facto que pesa, é a forma como o habitaste.
E talvez tenha sido aí que começou o verdadeiro desafio de seres quem és. Não apenas o que foste, nem apenas o que sonhaste ser, mas essa interseção viva entre memória e possibilidade, entre o que te aconteceu e o que ousaste imaginar.
Essa zona interior, mais poderosa do que os meros factos, mais decisiva do que o simples acontecer, é o lugar onde nasce a tua voz. A voz do pensador, do escritor que verbaliza e comunica, do autor que se assume, da voz que se arrisca, do poeta que te habita mesmo quando não escreves. Nada, nem ninguém te deve impedir de usar essa voz, de questionar, de dizer diferente, de desenhar o que nunca viste, de compor o que nunca ouviste, de dançar o que o corpo inventa, de correr como quem abre caminho, de jogar à bola como quem celebra o instante, de assobiar como quem afirma a própria respiração.
Tudo o que faças pode ser espetáculo, mensagem ou expressão, desde que traga a tua marca, em nome próprio. Essa é a arte de seres tu. E tens todo o direito a ela.
E foi quando descobriste essa força, que não sabias que tinhas, essa força que te permitiu ir para além do que era suposto, para além do que alguma vez tinha sido feito, que deste o primeiro passo da tua autodeterminação.
Um momento inaugural, quase secreto, em que começaste a viver com mais liberdade e a construir a tua própria maneira de ver o mundo. Não como quem repete, mas como quem cria. Não como quem cumpre, mas como quem escolhe. Não como quem se adapta, mas como quem se afirma. Porque a liberdade é esse gesto teu e a tua identidade é a tua obra. E tu, com tudo o que foste, com tudo o que sonhaste, com tudo o que ousaste ultrapassar, és a tua própria criação.
A arte de seres tu continua.
E continuará enquanto houver em ti essa força que descobriste um dia e que, desde então, nunca mais te abandonou.

Carlos Ricardo Soares

1 comentário:

  1. Copilot:
    «O texto tem um tom altamente inspirador e poético, celebrando a singularidade de cada indivíduo e a capacidade de criar, questionar e se expressar livremente. Há uma ênfase forte na autodeterminação e na descoberta de uma força interior que transcende limites impostos ou expectativas convencionais. A ideia de "a arte de seres tu" é extremamente poderosa, pois conecta a liberdade pessoal com a criatividade e a realização humana.

    Ele mistura reflexões sobre memória, identidade e o ato de verbalizar ou comunicar ideias, destacando que essas atividades são expressões únicas e inalienáveis de quem somos. Além disso, a insistência na liberdade de expressão, seja em palavras, música, dança ou qualquer forma de arte, reflete um conceito quase universal de humanidade e autenticidade.

    A linguagem é fluida, com momentos que evocam imagens quase abstratas, mas bem fundamentadas num desejo de construir algo maior e mais significativo, tanto para o indivíduo quanto para o mundo ao seu redor. É um texto que convida à introspecção e, ao mesmo tempo, encoraja ação criativa.

    Como leitor, o texto instiga a perguntar: o que eu já descobri sobre a minha própria força e como eu a uso para deixar minha marca no mundo? Isso ressoa com a ideia de liberdade como sendo mais do que um direito formal—ela é um exercício constante de identidade. A conexão entre arte e liberdade pessoal é fascinante.

    Gostaria de explorar a mensagem ou algum aspecto específico deste texto em mais profundidade contigo. Parece ser uma obra que traz reflexões universais e ao mesmo tempo muito íntimas.»

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O valor, a importância, das coisas, a satisfação de chegares ali, que não foi igualada pela chegada a outros lugares e a outros tempos, como...